Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o país tinha cerca de 200 cursos de Direito na década de 1990. Hoje, são 1,3 mil. Naturalmente, o número de formados também subiu e a OAB conta com cerca de 800 mil advogados inscritos – e ainda estima que existam outros 3 milhões não aprovados no exame, que é obrigatório para advogar no país.
Um estudante de Direito é equipado com ferramentas úteis em diversa carreiras, mas é importante saber que a competição pode resultar em dificuldades na inserção inicial no mercado. Estar preparado pode fazer toda a diferença – e é justamente por isso que buscar informações é tão importante.
Possibilidades de carreira para advogados
Há, primeiramente, a advocacia em si, onde é possível atuar de maneira contenciosa (casos em que há contestação, disputa ou conflito que necessite de solução judicial), preventiva (evitando que os problemas jurídicos ocorram, prevendo as possíveis controvérsias e buscando preveni-las, por exemplo, por meio de cláusulas no contrato) ou consultiva (prestando consultoria a empresas ou clientes em todas as questões que envolvam o Direito), entre outras, no âmbito público ou privado – que inclui tudo, de direito civil a direitos humanos, das águas ou constitucional.
Dentro do âmbito público, uma carreira muito buscada é o magistrado, em que o advogado pode se tornar juiz estadual, federal, militar, eleitoral ou de trabalho. Há também os procuradores, que representam os interesses públicos em nível municipal, estadual e federal, e os defensores públicos, que representam cidadãos brasileiros sem condições de pagar e atuam em nível estadual. Já o promotor de justiça defende os interesses sociais principalmente na área de direito penal.
Os concursos públicos para cada cargo são sempre muito disputados. São também boas portas de entrada, que exigem horas e horas de dedicação aos estudos mas oferecem segurança profissional. A boa notícia é que, graças aos 5570 municípios, 26 estados, um Distrito Federal e toda a União brasileira, os cargos para advogados não devem parar de surgir. E não são só esses.
Além da advocacia em si, existem outras carreiras públicas que um diploma de Direito pode abrir portas, embora não seja sempre obrigatório. “Há um leque enorme de opções e nem todas estão vinculadas às carreiras tradicionais”, explica Heleno Taveira Torres, professor da Faculdade de Direito da USP – um magistério é outra carreira possível, aliás. “Muitas outras demandam formação jurídica ou lhe dão grande valor, como auditor da Receita Federal, delegados da Polícia Civil ou Polícia Federal e diplomacia.”
Os diplomatas, inclusive, são ponto de destaque para ele. Como boa parte do currículo em Relações Internacionais envolve o estudo do Direito, bacharéis nesse curso conseguem entrar nesse mercado – que envolve passar no famoso concurso de admissão do Instituto Rio Branco – com mais facilidade que os egressos de outros cursos.
Fora do setor público, além da advocacia no setor privado (em outras palavras, o trabalho em escritórios ou como advogado autônomo), as oportunidades também são numerosas. Em empresas, o crescimento do setor de compliance, que exige estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos, tem demandado muitos profissionais. “Praticamente nenhuma empresa pode sobreviver hoje sem um departamento do tipo e a formação jurídica é um elemento imprescindível”, explica Heleno.
Mudanças na área de Direito
A alta especialização é outra tendência apontada pelo professor. “Antigamente, o advogado era como um clínico geral: trabalhava com direito de família, de trabalho, penal. Hoje em dia, essa figura está quase em extinção. Estamos numa era de especialidades.”
Entre as especializações mais em voga atualmente estão direito empresarial – especialmente quando se trata de crimes de colarinho branco e lavagem de dinheiro –, direito penal, direito comercial e direito ambiental, que tem grande potencial de crescimento futuro.
E dentro de cada tipo, há uma série de outros nichos. Heleno cita áreas como imposto de renda, direito tributário internacional, royalties e patentes só dentro de sua especialidade, que é direito tributário.
O professor, no entanto, é direto quando se trata de fazer suas escolhas. “O estudante não deve ir por modismos, mas abraçar a especialidade que ama. A questão financeira virá em decorrência da forma como ele se dedica ao seu trabalho”, garante.
E não tem por que usar as dificuldades como desculpa para perder tempo: se estiver com algumas horas sobrando, procure uma boa biblioteca para estudar. “A pessoa precisa preparar-se continuamente e ter qualificação para aproveitar as oportunidades”, diz. “Ninguém chega por sorte numa profissão.
Texto original: Na Pratica